
Existem indicações consagradas da terapia hormonal em mulheres na peri ou na pós-menopausa. Entre elas estão o controle da disfunção menstrual e das anormalidades endometriais na perimenopausa, o alívio da sintomatologia climatérica, a prevenção ou o tratamento da atrofia urogenital, a conservação da pele, das mucosas e do tegumento, a conservação da massa óssea e a atenuação do risco da osteoporose. Existem também fortes evidências de melhora da sobrevida e da função dos neurônios, reduzindo o risco de estados demenciais senis, em particular o risco do desenvolvimento da doença de Alzheimer.
Consideram-se entre as perspectivas desse tratamento hormonal, a redução da perda dentária, a diminuição do risco da degeneração macular senil (maior causa de falta de visão do idoso), redução do risco do câncer colorretal e da doença de Parkinson.
Até o final dos anos 90, apregoava-se o benefício dos hormônios na atenuação do risco cardiovascular, especialmente com vistas à incidência de infarto do miocárdio. Chegou-se a considerar ser este benefício a sua maior indicação. No presente momento, existe grande controvérsia a respeito. As publicações de estudos com grandes casuísticas e com metodologia aparentemente correta não conseguiram comprovar benefício cardiovascular em mulheres pós-menopáusicas, ainda que se tenha testado em mulheres com média etária acima dos 60 anos. Não se dispõe de estudos com a mesma metodologia iniciando a terapia hormonal na perimenopausa ou no início do período pós-menopáusico. No entanto, é certo que, enquanto novos estudos não estejam disponíveis, não se pode indicar esse tratamento com indicação primária de proteção cardiovascular.
Dr. José Bento é ginecologista e obstetra. Formou-se pela Faculdade de Medicina da Universidade Mogi das Cruzes em 1981, fez residência médica no Hospital das Clínicas. Participa do Programa Bem Estar na Rede Globo.